I Workshop de Integração – Campus Mucuri/UFVJM

WORKSHOP DE INTEGRAÇÃO: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Integrando Conhecimentos UFVJM, Campus do Mucuri, Teófilo Otoni, MG – 08 a 10 de abril de 2013

CINE MERCÚRIO: EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS

EWERTON SOUZA DINIZ
Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Extensão
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
ewerton_sl@hotmail.com


JULIANA HELENA GOMES LEAL

Coordenadora do Projeto de Extensão Cine Mercúrio
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
juliana.leal@ufvjm.edu.br


ALAN FABER DO NASCIMENTO

Vice-Coordenador do Projeto de Extensão Cine Mercúrio
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
alan.faber@ufvjm.edu.br

Grande Área: Letras

Subárea
Categoria: Extensão
1. Introdução

Este resumo busca apresentar o desenvolvimento e os resultados obtidos pelo projeto de extensão Cine Mercúrio: movimentação de culturas e linguagens, registrado, desde 2010, na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e coordenado pelos professores Juliana Helena Gomes Leal (coordenadora) e Alan Faber do Nascimento (vice-coordenador).
De imediato, vale dizer que o objetivo do projeto é formar um público de cinema na cidade de Diamantina e região. Mais ainda, o projeto busca, por meio da linguagem cinematográfica, debater e problematizar as mais variadas questões ligadas ao domínio da cultura, da história, da economia e da sociedade – tanto é assim que, após as sessões, são promovidos debates com os espectadores para discutir os temas abordados pelo filme exibido. Em suma, o projeto pretende promover, por meio do fortalecimento da visibilidade da linguagem audiovisual, a criação de espaços de intercâmbio de opiniões e olhares sobre a sociedade diamantinense com base na percepção dos sujeitos concretos que a formam.
Importa esclarecer também que o nome do projeto está relacionado a duas referências. A primeira delas é uma alusão às características do Deus Mercúrio, associado na mitologia grega a Hermes, mensageiro eloquente e veloz. Já a segunda remete ao dia da semana em que ocorrem as exibições cinematográficas. No caso, uma alusão à palavra espanhola “miércoles”, cujo significado em português é quarta-feira. O Cine Mercúrio exibe, gratuitamente, toda quarta-feira, a partir das 19h, no Cine Teatro Santa Izabel, localizado na praça Dom Joaquim, no centro histórico-turístico de Diamantina, produções cinematográficas (curtas, longas, documentários, animações) pertencentes ao circuito audiovisual não-comercial.
Do ponto de vista estrutural, o projeto conta com inúmeras parcerias, entre as quais destacamos: PROEXC/UFVJM, SECTUR/Prefeitura Municipal de Diamantina, Cine Teatro Santa Izabel, Programadora Brasil/MinC, Institut Français, Cinemateca da Embaixada da França e Museu do Diamante. Deve-se destacar que o projeto Cine Mercúrio possui 249 programas (DVDs) do acervo da Programadora Brasil, órgão vinculado ao Ministério da Cultura e que, pelo segundo ano consecutivo, conta com financiamento do Programa Institucional de Bolsa de Extensão (PIBEX) da UFVJM, por meio do qual se mantém um bolsista (Ewerton Souza Diniz, aluno do Bacharelado em Humanidades) que acompanha e colabora com todas as ações desenvolvidas.
Por fim, é importante frisar que, em três anos de existência, o Cine Mercúrio: movimentação de culturas e linguagens projetou mais de 150 filmes, cuja experiência será detalhada a seguir.



2. Mais do que “filme para rodar”: perspectivas e experiências


Nesses três anos de existência, o Cine Mercúrio executou várias ações em conjunto com diferentes sujeitos e instituições dentro e fora da UFVJM.
Vale destacar o 33º Festival de Inverno da UFMG que aconteceu em Diamantina, em 2012. Na ocasião, o projeto foi convidado a desenvolver uma mostra que propunha um debate acerca do tema do festival: “O Bem Comum”. E, para isso, foram organizadas exibições, durante o mês de junho de 2012, que versaram sobre o tema “Cinema na cidade”.
Outra ação importante foi realizada durante VI Encontro de Educação Física da UFVJM. Na oportunidade, o Cine Mercúrio dedicou-se ao tema “Corpo que dança, corpo que joga” com o objetivo de discutir a cultura corporal do corpo.
Além dessas, uma ação que vale a pena destacar foi a mostra intitulada “Humor na Cidade”: durante os meses de dezembro de 2012 e janeiro de 2013, o projeto utilizou vários pontos da cidade de Diamantina para exibir filmes e desenvolver debates, entre os quais a Associação de Moradores do bairro Rio Grande, o Bar Berola do Gilmar, o Café Baiúca e o Museu do Diamante. O objetivo era que o cinema permeasse os diversos espaços do cotidiano da população diamantinense, visando divulgar melhor nossas ações, a partir da descentralização do espaço de projeção de nossas mostras.
Mas entre as ações do Cine Mercúrio a que mais merece atenção foi, sem dúvida, a exibição de vários curtas metragens sobre humor no Asilo Frederico Ozanam, localizado na cidade de Diamantina. Na ocasião, o cinema proporcionou um momento mágico para os idosos daquele instituto, porquanto alguns deles nunca tinham vivenciado a experiência de ver um filme em tela.
É por essas e outras ações que o projeto Cine Mercúrio é um exemplo paradigmático de uma política de extensão universitária. Afinal, desde seu início, em 2010, o projeto esteve dialogando e refletindo com a sociedade.

3. Considerações finais

Como nos lembra Marcellino (1995), a democratização da cultura e do lazer passa, necessariamente, pela democratização do espaço. Nesse sentido, podemos afirmar que o Cine Mercúrio, para além dos seus objetivos mais imediatos, insere-se numa tentativa de apropriação da população local pelos seus espaços de vida. Em tempos de hegemonia do privado perante o público, exibir cinema de qualidade e de forma gratuita num centro organizado é, antes de tudo, uma contratendência.
Tal tentativa, é claro, não foi uma tarefa fácil. Ao longo desses três anos de existência, o Cine Mercúrio enfrentou muitos desafios e questionamentos. O que, todavia, não o debilitou. Pelo contrário. Tratou-se, antes, de momentos próprios e compreensíveis que somente as experiências que buscam questionar e transformar a realidade conhecem. Daí um agradecimento especial a todos os membros da comunidade acadêmica que contribuíram e continuam contribuindo para a realização do projeto. Daí também nosso muito obrigado à população diamantinense. Afinal, é para ela, por ela e com ela que continuamos colocando mais do que “filme para rodar”.

Referências Bibliográficas
MARCELINO, N. C. Lazer e Humanização. 2. ed. Campinas: Papirus, 1995.

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