Teatro

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América foi encontrada num saco de lixo

América foi encontrada num saco de lixo, num tubo sem ensaio, magrinha e sozinha na praça da Sé, boiando na lagoa e num cartaz sem o procura-se pregado no ônibus. América é uma menina com a linha do equador no umbigo. América é sem terra, sem teto e tem dona desde que nasceu. Sem mãe, nem pai nem marido. Traz de cabeça uma canção do rádio. Traz de cabeça um filme de Carlitos. Traz na sombra a lembrança da Avó, uma velha $ifrada no peito e nos olhos, de juncos imperiais na cara, dores militares nas juntas e de pulmões cheios de Mallboro. América possui uma grande dívida para com sua Avó desde o dia em que nasceu. Um total de 7 milhões de $ifras somando uma série de infortúnios, desencontros e as histórias que não ouviu pra dormir, embalada pela noite escura do deserto, da caatinga, do sertão, de um retrato na parede que dói. Prometida ao rei Dom Sebastião, que nunca chegaria, sofre junto com a velha, sem escrúpulos, um motim no dia de seu casamento, causado por um séquito de prestadores de serviço enganados pela Avó para a realização da cerimonial no deserto. Com o motim a velha desaparece. Desde então, América segue légua tirana, perdida de sua Avó, na tentativa de cumprir o destino que lhe ensinaram que era seu. Um mosaico de delírios e $ifras que ela, América, pequenina e despreparada, vai aprendendo a lidar a sua maneira, criando as suas armas e também sofrendo as consequências sem trema de cada herança. Andanças que adentram em nossa história latino-americana povoada de lendas e opressões, memórias fraturadas e paixões que nos colocam frente as nossas eternas dívidas acumuladas, perdoadas e inexistentes. Ainda não viu o mar, talvez a lagoa. Na alucinação de viver o dia, quanto de seu sal são lágrimas de alguém? Quem? O mar não tem limite, não tem linha, a fronteira balança em ondas ritmadas. Todo mundo fala da beleza do mar, mas a maioria nunca ultrapassou os limites da areia. Mas a vida é diferente, quer dizer, a vida é muito pior.


O  Grupo

Mayombe Grupo de Teatro traz consigo um tal ranço setentista, dos mais belos. Um sentimento de que apesar de tudo, um desejo utópico de transformação da vida e do mundo ainda possa existir, “é sempre dia de ironia no meu coração” mesmo quando o próprio tempo é uma “charada”. Somos démodés. De camisa e bandeira. E cá estamos nós repetindo e repetindo sob vários pontos de vista a mesma história, memória, memória…

Sinopse

Gabriel García Márquez, escritor colombiano

América é uma menina com a linha do equador no umbigo. Neta roubada por uma velha $ifrada no peito e nos olhos. Cresce ao lado de uma Avó. Dizem que as dívidas de América para com sua Avó somavam a quantia exorbitante de sete milhões de $ifras… Desde o dia em que América se casaria com Don Sebastião (que nunca apareceu), ela se perdeu de sua Avó e, desde então, segue légua tirana atrás dela. Légua tirana que vai levá-la por lugares e pessoas até rachar seu tênis Nike que foi seu dote de casamento. Peça, que dialoga com a língua e cultura hispânica, baseada na “Triste historia de la Cándida Eréndira y su abuela desalmada” do escritor colombiano Gabriel García Márquez.

Prêmios Conquistados

Prêmio Sated Melhor texto
Prêmio Simparc Melhor atriz
Prêmio Mixordia (internet)

Participará do Festival Internacional de Teatro (FIT/2012), em BH, como um dos dez espetáculos selecionados do Estado de Minas Gerais.

Mais informações sobre o espetáculo, baixe o seguinte release: Pequena América


Ficha técnica

Direção – Sara Rojo
Assistência de direção – Gil Esper
Dramaturgia – Éder Rodrigues, Marcos Coletta e Marina Viana
Elenco – Fernando Oliveira, Henrique Limadre , Marcos Alexandre, Marcos Coletta, Marina Arthuzzi, Marina Viana
Cenografia – Gil Esper e Fernando Flávio Rodrigues
Figurino – Paolo Mandatti, Mariana Blanco e Mayombe
Iluminação – Marina Arthuzzi e Gil Esper
Consultoria de Iluminação – Felipe Cosse
Criação de vídeos – Luiz Felipe D’Ávila
Projeto gráfico – Marcos Coletta
Desenhos – Fernando Flávio Rodrigues
Cenotécnica – Daniel Herthel e Fernando Oliveira
Técnico de som – Marina Blanco
Técnico de luz – Assis Benvenuto
Técnico de Vídeo – Mariana Blanco
Trilha Sonora – “Este Livro” – música de Sérgio Nicácio sobre poema de Ana Cristina César “Desfiladeiro” – Dibigode
Fotografia – Tomás Arthuzzi


Conheça o Grupo Mayombe por meio dos links abaixo:

http://pequeninaamerica.blogspot.com.br/ http://www.youtube.com/watch?v=Q0W160paiCU http://www.facebook.com/?ref=home#!/profile.php?id=100000865628588

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