O Banheiro do Papa

Relatório de Sessão

Na sessão do dia 09 de novembro, realizada no Mocrico, foi exibido o filme O Banheiro do Papa (Uruguai/Brasil/França, 2007), dirigido por César Charlone e Enrique Fernández. O filme retrata a pequena cidade de Melo, fronteira Uruguai-Brasil, no ano de 1988, num momento emblemático para todos os moradores que, vivendo uma situação de carência e falta de emprego, se preparam para receber a visita do Papa. Todos veem no evento excepcional a possibilidade de ganharem muito dinheiro com a chegada de milhares de brasileiros[1] (para assistirem à cerimônia) a Melo, cuja economia está quase toda baseada na atividade de contrabando de produtos do Brasil, realizada pelos moradores, que transpõem diariamente dezenas de quilômetros, pedalando velhas bicicletas e driblando a fiscalização das fronteiras. As esperanças de todos, porém, são frustradas, apesar de toda a preparação e investimentos feitos por todos com grande sacrifício, pois, a cidade não recebe o exorbitante número de visitantes brasileiros previsto pela mídia local[2].
A plateia, composta por 50 pessoas (adultas), assistiu ao filme e, ao final, aproximadamente a metade participou, com grande interesse, do debate conduzido pela professora Lilian Simone Godoy Fonseca. Dada a temática do filme, foi inevitável a comparação com alguns eventos realizados no Brasil, em que foram (são) gastos somas consideráveis de dinheiro público, que não alcançam o retorno esperado. Foram citados vários exemplos ocorridos em diferentes lugares no Brasil, inclusive, em Diamantina.
O filme agradou a maioria dos que se manifestaram na discussão, pois, faz uma crítica sutil à exploração/manipulação feita, sobretudo, pela mídia, da situação de vulnerabilidade em que vive a grande maioria da população dos chamados países “em desenvolvimento”.


[1]. As previsões mais otimistas chegam a mencionar 100 mil brasileiros.

[2]. Ao final, são contados 400 brasileiros, dos quais 300 eram da imprensa.

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